O uso das novas tecnologias e das mídias de
informação. Computador na Educação:
a Informática Educativa.
Por Graziela Ferreira
Nos dias atuais, tornou-se trivial o comentário
de que a tecnologia está presente em todos os lugares, o que certamente seria
um exagero. Entretanto, não se pode negar que a informática, de forma mais ou
menos agressiva, tem intensificado a sua presença em nossas vidas.
Gradualmente, o computador vai tornando-se um aparelho corriqueiro em nosso
meio social. Conseqüentemente, todas as áreas vão fazendo uso deste instrumento
e com certeza todos terão de aprender a conviver com essas máquinas na vida
pessoal assim como também na vida profissional.
Na educação não seria diferente. A manipulação
dos computadores, tratamento, armazenamento e processamento dos dados estão
relacionados com a idéia de informática. Buscando um significado, pode-se dizer
que Informática é: “conjunto de conhecimentos e técnicas ligadas ao tratamento
racional e automático de informação (armazenamento, análise, organização e
transmissão).
O computador é uma máquina que possibilita
testar idéias ou hipóteses, que levam à criação de um mundo abstrato e
simbólico, ao mesmo tempo em que permite introduzir diferentes formas de
atuação e interação entre as pessoas. Sendo assim, é um equipamento que assume
cada vez mais diversas funções. Como ferramenta de trabalho, contribui de forma
significativa para uma elevação da produtividade, diminuição de custos e uma
otimização da qualidade dos produtos e serviços. Já como ferramenta de
entretenimento as suas possibilidades são quase infinitas.
Através da Internet, é possível ignorar o espaço físico, conhecer e conversar com pessoas
sem sair de casa, digitar textos com imagens em movimento, inserir sons, ver
fotos, desenhos, ao mesmo tempo em que podemos ouvir música, assistir vídeos,
fazer compras, estreitar relacionamentos em comunidades virtuais, participar de
bate-papos (chats), consultar o extrato bancário, pagar contas, ler as últimas
notícias em tempo real, enfim, trabalho e lazer se confundem no cyberespaço.
A chegada das tecnologias no ambiente escolar provoca
uma mudança de paradigmas. A Informática Educativa nos oferece uma vastidão de
recursos que, se bem aproveitados, nos dão suporte para o desenvolvimento de
diversas atividades com os alunos. No entanto, a escola contemporânea continua
seguindo o padrão, no qual o professor fala, o aluno escuta, o professor manda,
o aluno obedece. A chegada da era digital coloca a figura do professor
como um “mediador” de processos. Porém, para que isso ocorra de fato, é preciso
que o professor não tenha “medo” da possibilidade de autonomia do aluno, pois muitos
acreditam que com o computador em sala de aula, o professor pede o seu lugar.
As ferramentas do computador, especialmente a
Internet, podem ser um recurso rico em possibilidades que contribuam com a
melhoria do nível de aprendizagem, desde que haja uma reformulação no
currículo, que se crie novos modelos metodológicos, que se repense qual o
significado da aprendizagem. Uma aprendizagem onde haja espaço para que se
promova a construção do conhecimento. Conhecimento, não como algo que se
recebe, mas concebido como relação, ou produto da relação entre o sujeito e seu
conhecimento. Onde esse sujeito descobre, constrói e modifica, de forma
criativa seu próprio conhecimento.
O grande desafio da atualidade consiste em
trazer essa nova realidade para dentro da sala de aula, o que implica em mudar,
de maneira significativa, o processo educacional como um todo.
A
Saúde como Elemento para Repensar a Prática do Ensino
Por Juliana de Souza
Ensinar
já foi visto como um dom, uma função de alto valor social , valorizada pelos
cidadãos e assumida pela sociedade como
uma atividade pública. Atualmente essa atividade perdeu esse sentido
totalmente.
Devido
ao aumento do capitalismo, novas modificações foram promovidas e a educação passou a ser vista
como mercadoria , visando sempre obter
lucro. Um exemplo disso é a prática de ensino. A educação tornou-se um
dos setores mais lucrativos sendo um investimento que gera um retorno imediato
desencadeado pelo desmoronamento da
educação gratuita e pública. Assim, é possível
aplicar à essa atividade a lógica de produção capitalista ,
possivelmente gerenciando aqueles que produzem tal “mercadoria” (os
professores) , como se gerencia os trabalhadores de uma fábrica. Assim , várias
regras como as aplicadas aos demais trabalhadores dos setores primário e
secundário da economia foram aplicadas aos professores: controle de produtividade, do
ritmo de trabalho, do tipo de tarefa a executar, tempo para sua execução, da
jornada e carga de trabalho necessárias.
Inicialmente
esse processo passou pelo desmoronamento da educação pública , obrigando assim
cada vez mais os professores a ingressarem na rede privada de ensino que se
assemelha muito a uma empresa capitalista submetendo-se ao mesmo sistema de
exploração ao qual estão subjugados os trabalhadores em geral: instabilidade no
emprego, intenso ritmo de trabalho, amplas jornadas de trabalho. A partir dessa
ideia de educação vamos procurar entender a relação saúde/doença do professor.
O
trabalho humano possui um duplo caráter, por um lado é fonte de realização,
satisfação e prazer, estruturando e conformando o processo de identidade dos
sujeitos; por outro, pode também transformar-se em elemento patogênico,
tornando-se nocivo à saúde (Seligmann-Silva, 1987, Dejours, 1987).
Com o
avanço da medicina social , houve uma conscientização maior dos profissionais de saúde quanto à
necessidade de constantes serviços voltados para a prevenção e promoção da
saúde antes que ocorra a patologia. Com isso , os trabalhadores e seus
representantes estão buscando mais
medidas que garantam ambientes ocupacionais saudáveis( pode-se observar
o incremento dos estudos das relações entre condições de trabalho e saúde dos
trabalhadores).
No
entanto, a maioria das investigações está voltada para categorias de
trabalhadores onde a inter-relação entre trabalho e saúde é mais visível, pela
própria natureza da atividade, como contato com equipamentos cortantes ou
substâncias tóxicas). No Brasil, pouco tem sido feito no sentido de avaliar os
efeitos do trabalho sobre a saúde nas
categorias de trabalhadores onde os riscos são menos aparentes, como por
exemplo em professores. A maior parte da bibliografia encontrada sobre esse
assunto em questão é originária de
outros países.
Há um comum acordo nesses
estudos, de que ensinar é um ofício altamente estressante, com efeitos
evidentes na saúde física e mental, e no desempenho profissional dos
professores.
O professor é acometido de
intensa ansiedade e estresse devido à vários fatores , entre eles estão pressão
do tempo ,relacionamento com a administração e outros colegas de trabalho,
ameaças verbais e físicas feitas pelos alunos , tarefas extra-classe, reuniões
e atividades adicionais e, problemas com estudantes . Todo esse estresse tem um
grande impacto na saúde do professor, principalmente na parte psicológica,
podendo levar à depressão e falhas cognitivas.
Segundo pesquisa feita pela
Organização Internacional do Trabalho , um em cada dois professores
avaliados estava exposto ao risco de
sofrer um ataque cardíaco ; entre docentes da Hungria observou-se maior
prevalência de distúrbios causados por estresse, labirintite, faringite,
neuroses e doenças dos aparelhos locomotor e circulatório em professores; entre
educadores franceses, segundo dados oficiais, 60% dos pedidos de licença por
motivo de doença estavam relacionados a distúrbios nervosos. Além disso,
observou-se, entre pessoas hospitalizadas por doenças mentais, maior incidência
de neuroses com depressão entre os docentes do que em outras áreas
profissionais. Na Inglaterra, um estudo realizado em 1978, mostrou que 25% dos
professores não acreditavam na própria permanência na profissão pelos próximos
dez anos, e 20% a 30% deles qualificaram-na como causadora de estresse.
Nos Estados Unidos, DeFrank &
Stroup (1989) estudaram professores de escolas elementares para analisar a relação entre fatores pessoais, estresse,
insatisfação no trabalho e problemas de saúde. Dos indivíduos estudados 96%
eram mulheres, 76% casadas, com média de idade de 39, 4 (±9,2) anos e
ensinando, em média, 12,1 (±6.9) anos. De acordo com o instrumento de avaliação
de estresse usado , os itens relatados com mais frequência foram sobrecarga
laboral e problemas com os alunos (mencionados como "tentativas contínuas
de motivar estudantes que não desejam aprender").
Os problemas de saúde mais
frequentes foram: perda de energia, impaciência, dores de cabeça,
hiperalimentação, aumento da irritabilidade e dores na coluna. Em sessão aberta
do questionário, os professores qualificaram como principais fatores de
estresse: avaliações, tempo insuficiente para as tarefas determinadas ,
preocupações diárias (trabalho de casa, currículos, reuniões),
responsabilidades extracurriculares, problemas com os pais que não se
preocupavam com a vida escolar do aluno e falta de tempo para a família.
Fatores demográficos e experiência de ensino não influenciaram estresse. Estresse
apareceu como um forte preditor de insatisfação e esta mostrou-se fortemente
associada aos problemas de saúde.
No Brasil, as referências de
estudos abordando as condições de saúde e trabalho dos docentes são ainda
escassas e, apenas na segunda metade da década de 90, foram feitas algumas
investigações, abordando as condições de saúde e trabalho da escola pública. As
evidências encontradas nesses estudos são preocupantes e apontam a importância
de serem tomadas medidas imediatas. A investigação de Codo et al. (1998) sobre
a saúde mental dos professores de 1º e 2º graus em todo o país, abrangendo 1440
escolas e 30.000 professores, revelou que 26% dos professores da amostra
estudada apresentavam exaustão emocional (cerca de 1 professor a cada quatro
estudados). Essa proporção variou de 17% em Minas Gerais e Ceará a 39% no Rio
Grande do Sul. A desvalorização profissional, baixa auto-estima e ausência de
resultados percebidos no trabalho desenvolvido foram fatores importantes para o
quadro encontrado.
Ruiz et al. (1995), investigaram
a demanda de professores de 1º e 2º graus da rede pública de Sorocaba, São
Paulo, num ambulatório especializado em saúde ocupacional. A procura por
atendimento foi periódica nos semestres: no começo do ano era pequena, nos
meses seguintes aumentava, no início do 2º semestre diminuía novamente, e outra
vez aumentava no final do ano.
Durante as férias, a procura registrada era mínima. Segundo os autores, esse
comportamento da demanda favorece a hipótese de que a procura do cuidado médico
e, consequente afastamento do trabalho, era maior no decorrer do período
letivo, revelando um desgaste crescente dos professores. Dentre as doenças mais
frequentes encontraram a laringite, que representou 39,8% dos diagnósticos
realizados, seguida pela asma ocupacional (15,3%), alergia ocupacional (6,8%) e
lesões por esforços repetitivos (LER).
Carvalho (1995), analisando
professoras primárias na cidade de Belém, encontrou níveis mais elevados de
suspeita de sintomas psíquicos (de acordo com o instrumento de detecção
utilizado: o MMPI), em escolas onde se relatou um relacionamento menos
democrático com a direção, do que naquelas onde predominavam relações mais
democráticas.
Os dados examinados mostram um
conjunto de repercussões nocivas do trabalho na saúde dos docentes, ainda que
não seja tão evidente como em outras categorias profissionais.
No entanto, a grande maioria dos
estudos investigou escolas públicas. Considerando que o ensino em escolas
particulares, em muitos aspectos se distingue, radicalmente, das escolas
públicas, Se torna importante a avaliação da saúde dos professores, no contexto
específico das escolas particulares. Essa necessidade é mais ampla quando o
crescimento acelerado do número dessas escolas é considerado, observado no
Brasil nos últimos anos.
L.E.R. (Lesões por Esforço
Repetitivo) segundo Dr Drauzio Varella não é uma doença propriamente dita. É
uma síndrome constituída por um grupo de determinadas doenças como – tendinite,
tenossinovite, bursite, epicondilite, síndrome do túnel do carpo, dedo em
gatilho, síndrome do desfiladeiro torácico, síndrome do pronador redondo,
mialgias -, que afeta os músculos,os nervos e os tendões principalmente dos
membros superiores , e sobrecarrega o sistema musculoesquelético. Esse
distúrbio provoca dores e inflamações e a pessoas pode ter alterada a
capacidade funcional da região comprometida. Prevalece mais no sexo feminino.
Também chamada de D.O.R.T.
(Distúrbio Osteomuscular Relacionado ao Trabalho), L.T.C. (Lesão por Trauma
Cumulativo), A.M.E.R.T. (Afecções Musculares Relacionadas ao Trabalho) ou
síndrome dos movimentos repetitivos, a L.E.R. tem sua causa atribuída por mecanismos de agressão, que podem ser desde
esforços repetidos continuadas vezes ou que exigem muita força para serem
executados, até vibração, postura inadequada e estresse. Essa associação de
terminologias fez com que essa condição fosse entendida apenas como uma doença
ocupacional, e que profissionais expostos a maior risco são pessoas que trabalham com computação, em
linhas de montagem e de produção ou que operam britadeiras, assim como professores,
músicos, atletas, e pessoas que fazem trabalhos manuais, como por exemplo tricô
e crochê.
Diagnóstico
O diagnóstico é basicamente
clínico. O mais importante é determinar a causa dos sintomas para escolher um
tratamento adequado. Para isso, muitas vezes, é preciso uma avaliação
multidisciplinar.
Sintomas
Os principais sintomas são: dores
nos membros superiores e nos dedos, dificuldade para movimentá-los,
formigamento, fadiga muscular, alteração da temperatura e da sensibilidade, redução
na amplitude do movimento e inflamação.
É importante ressaltar que, na
maioria das vezes, esses sintomas estão ligados a uma atividade inadequada não
só dos membros superiores, mas de todo o corpo, que se suscetibiliza, por exemplo, se houver uma compressão
mecânica de uma estrutura anatômica, ou se a pessoa ficar sentada em frente ao computador
ou ao piano por oito, dez horas seguidas.
Tratamento
Durante as crises agudas de dor,
o tratamento inclui o uso de anti-inflamatórios e repouso das estruturas
musculoesqueléticasafetadas. Nas fases mais avançadas da síndrome, podem ser
feitas aplicações de corticóides na área
da lesão ou por via oral, fisioterapia e intervenção cirúrgica são recursos
terapêuticos que também devem ser conceituados.
Os conhecimentos da ergonomia, (
ciência que estuda uma melhor forma de
atingir e preservar o equilíbrio entre o homem, a máquina, as condições de
trabalho e o ambiente com o intuito de assegurar eficiência e bem-estar ao
trabalhador), têm sido muito úteis no tratamento e prevenção da L.E.R.
Recomendações
* Mantenha as costas eretas,
apoiadas num encosto confortável e os ombros relaxados enquanto trabalha
sentado. Cuidado para que os punhos não fiquem dobrados. A cada hora, pelo
menos, se levante, ande um pouco e faça alongamentos;
* Assegure-se de que a cadeira
e/ou banco em que se senta para trabalhar sejam adequados ao tipo de atividade exercida;
* Não imagine que L.E.R. é uma
síndrome que afeta apenas as pessoas que trabalham em certas funções. Quem usa
o computador, por exemplo, para o lazer durante longos períodos , também está
sujeito a desenvolver esse distúrbio;
*Lembre-se que : qualquer região
do corpo pode ser acometida por L.E.R. desde que exposta a mecanismos de
traumas constantes. Portanto, a síndrome pode se manifestar em regiões do corpo
como a coluna lombar, se ocorrer sobrecarga
na mesma ou no tendão do calcâneo
(tendão de Aquiles), se a pessoa caminha ou corre longas distâncias.
Uma série de problemas físicos é desencadeada
quando problemas psicológicos alteram a sintonia entre o cérebro e os sistemas
do nosso organismo.Por exemplo, a depressão pode inibir o sistema imunológico,
tornando a pessoa mais suscetível a determinadas infecções; o estresse
emocional afeta o corpo, causando ansiedade que ativa o sistema nervoso e os
hormônios, os quais aumentam a frequência cardíaca, a pressão arterial e a
sudorese. Também causa tensão muscular, produzindo dor no pescoço, nas costas e
na cabeça. Pessoas com um estresse intenso podem desenvolver hipertensão e
problemas cardiovasculares. A peletambém sente as aflições psíquicas: pessoas
depressivas, ansiosas e estressadas tendem a desenvolver ou piorar problemas como
a dermatite, acne, queda de cabelo.
As emoções e sentimentos influenciam diretamente
o equilíbrio biológico do homem. O
medo, a ansiedade,a mágoa podem desencadear sintomas por todo o corpo - dor de
cabeça, tontura, falta de ar, insônia, dor nas costas -que acabam afetando
algumas funções biológicas como a pressão cardíaca, a tensão muscular, a sudorese.Trata-se dasomatização,
um processo pelo qual distúrbios
de origem psíquica, emocionalproduzem um mal-estar físico, sem causa orgânica. Não
há uma doença física, os sintomas têm causa emocional.
Já a doença psicossomática é aquela detectada
através de exames e que tem uma causa psicológica, de fundo emocional.
Apresenta sintoma endócrino, gastrointestinal, imunológico, cardiovascular,
respiratório, de pele. Portanto, infecções, alergias, úlcera, herpes, diabetes,
hipertensão, problemas de tireoide, podem ser doenças psicossomáticas – afeta o
corpo, mas tem origem na mente. É necessário tratamento médico e psicológico.
A medicina
tem investigado esse processo através da Psicossomática – área da Psicologia
que estuda a influência dos processos psicológicos nos processos biológicos /
físicos.Os cientistas buscam entender como os sentimentos
afetam o organismo; o que ocorre quando
há um descompasso entre o cérebro e os demais sistemas do nosso corpo. Este
será um grande passo para a prevenção e a cura das doenças desencadeadas por distúrbios
emocionais.
Algumas terapias podem amenizar os
sintomas da somatização:
Meditação – melhora a resposta do sistema nervoso ao
estresse, por meio do controle da ansiedade. Estudo recente comprovou que
pacientes cardíacos tiveram uma redução da pressão arterial ao se submeterem à
meditação.
Terapias
cognitivas - comportamentais -é ummétodo para ajudar o
paciente a controlar os sintomascomo a taquicardia, tontura e falta de ar, ou
seja, ensiná-lo a evitar as reações emocionais que levam o corpo a responder
com sinais físicos.
Portanto, os professores que estão sujeitos à
sobrecarga emocional devido às pressões do cotidiano escolar, precisam cuidar
dos problemas psicológicos - instabilidade emocional, estresse, ansiedade, depressão,
irritabilidade – para evitar os possíveis danos físicos que eles possam causar.
Era apenas mais um dia de trabalho como todos os outros , até que entrei em um ônibus lotado. Até então normal como sempre acontecia todos os dias , até que o ônibus parou de repente. Começam os boatos entre os passageiros : “ o ônibus quebrou!” dizia um , “não , foi acidente !” dizia outro. E toda aquela agitação começou a me deixar nervosa. Tinha hora para chegar ao trabalho, afinal de contas, o que era? Acidente? ônibus quebrado ?quanto tempo mais eu ficaria naquele ônibus ? Uma sensação estranha foi me invadindo , me sentia sufocada ,olhei a minha volta procurando pelas janelas , pensei : -um calor desses e esse pessoal não abre as janelas ! Engano meu , as janelas estavam todas abertas mas era como se não houvesse vento . Suava , senti meu coração disparar , um aperto no peito , sensação de que algo ruim iria acontecer . Eu queria gritar , fugir daquele ônibus nem que fosse pela janela ... Até que após 15 minutos de espera enfim o ônibus andou , e o motivo da parada era apenas uma obra . Mais aliviada , segui normalmente para o trabalho.
Alguns dias depois , estava sozinha em casa lavando a louça quando tudo começou novamente. Aquela sensação estranha me dominando , falta de ar , dor no peito e a sensação de estar enlouquecendo . Larguei o que estava fazendo e corri para minha cama onde desabei a chorar . Chorava muito e sem motivo aparente , eu só sentia que precisava chorar. Após alguns minutos tudo voltou ao normal . Contei ao meu marido o que havia acontecido que me aconselhou a procurar um médico pois disse que eu andava muito nervosa e sobrecarregada (com dois empregos , dois filhos, marido , casa para cuidar e faculdade de fato, a gente pira !! ) Fez questão de me lembrar também que nós não saíamos mais de casa devido as minhas frequentes desculpas : “ vi no jornal que vai chover hoje. “ “viajar no feriado com todo aquele movimento , pessoas dirigindo embriagadas e causando acidentes ?” “ acho melhor irmos na semana que vem “ ( e a semana que vem nunca chegava ...)
Por fim percebi que ele tinha razão , alguma coisa estava errada comigo , então marquei uma consulta com um clínico geral , que após ouvir minha experiência me deu o diagnóstico : você tem síndrome do pânico .
Síndrome do Pânico, você sabe o que é?
Sintomas
É tão difícil, atualmente, encontrar alguém que nunca tenha ouvido falar em Síndrome do Pânico. O sintoma básico é um medo enorme sem explicação, indefinido, medo infundado; você acha ridículo sentir esse medo, mas não consegue controlar. Ela é caracterizada pela presença de ataques de pânico. São crises súbitas, repentinas, espontâneas, com forte sensação de medo (medo de tudo e sem motivo), de perigo, de desmaio, de derrame cerebral, loucura ou morte iminente (o que nunca ocorre); sensação de alerta ou de fuga, necessidade de socorro imediato ou até de se encolher num canto, agitação e múltiplos sintomas indefiníveis. Enfim, um terrível mal estar. Você se sente totalmente inseguro, como uma criança. Não houve nenhum fator que o precipitasse.
De repente a pessoa sente um mal estar estranho na cabeça como se fosse perder a razão, a consciência. É comum uma sensação de estar fora da realidade; ou um mal estar generalizado, como um pressentimento algo muito grave fosse acontecer. E é nesse momento que um outro sintoma (bastante característico) aparece: a necessidade de estar ao lado de alguém que traga segurança. Geralmente, um parente próximo.
Podem surgir desde palpitações no coração, falta de ar ou dificuldade de respirar, sensação de sufocação ou bolo na garganta, mãos e pés molhados e frios, formigamentos nos braços, pernas ou nos rostos, zoeira, zumbido ou pressão nos ouvidos (como se fosse pressão baixa ou labirintite), suor ou tremedeira generalizado, distúrbio gastrintestinal como (náuseas, enjoos, diarreia, gases, vontade irresistível de urinar, falta ou excesso de apetite), desânimo acentuado, mal estar geral, insônia ou sono excessivo, ondas de calor ou frio, tonteiras.
Porém, pessoas predispostas à síndrome podem desencadeá-la depois de passar por situações traumáticas. Dias , semanas ou meses depois de determinados problemas como perda de entes queridos, desemprego, doenças no lar, pré ou pós-operatórios, assaltos, sequestros, acidentes, etc.
Como a maioria dos sintomas são físicos, as pessoas procuram outros profissionais, como cardiologistas, neurologistas, gastroenterologistas, clínicos e homeopatas, quando na realidade deveriam procurar o psiquiatra. A pessoa faz uma bateria de exames, desde eletrocardiograma, ecocardiograma, raios-X, exames de sangue e outros, e nada de anormal é detectado. Desesperado, parte até para centros espíritas.
O pânico não é detectável por nenhum tipo de exame laboratorial, apenas clinicamente. Os pronto-socorros cardiológicos ou cardiologistas são os primeiros a serem procurados devido à taquicardia, dor no peito e a dormência, depois os outros profissionais, deixando por último, até por preconceito, os psiquiatras. Dez por cento dos atendimentos cardiológicos são portadores da síndrome do pânico, que examinados pelos cardiologistas constatam que não há quaisquer anomalias. A síndrome do pânico não é uma doença psicológica, e sim física. O que ocorre é um desequilíbrio de determinada área do cérebro, alterando a química dos neuro-transmissores, responsáveis pelos impulsos nervosos. O sistema nervoso central é que comanda as funções vitais do nosso corpo, por isso ocorrem uma série de alterações no nosso organismo, é o que chamamos de D.N.V (distúrbios neuro-vegetativos).
É muito comum aos portadores da síndrome um medo constante de sentir-se mal na rua e em outras situações onde a saída e o socorro seriam difíceis. É a agorafobia, em que a pessoa apresenta uma esquiva fóbica em relação a diversas situações públicas. Com esse medo, a pessoa não consegue mais frequentar ambientes cheios, tais como supermercados, shoppings, cinemas, teatros, bancos cheios, filas, multidões, etc. Também é comum sentir pânico de altura, de elevador, de avião, túnel, ponte Rio-Niterói, de temporal, de afastar-se de casa para outras cidades ou países; são situações onde a saída e o socorro são difíceis. Cria desculpas para não sair de casa. E, com frequência devido à incompreensão, começam a surgir os problemas familiares. Devido o mal estar constante, o ambiente familiar fica comprometido, chegando até a separação.
O portador do pânico sofre duplamente, pois além do sofrimento físico que a própria doença proporciona, sofre por não ser compreendido por alguns familiares. É comum o portador da síndrome ouvir frases como “reaja!”, “isso é frescura...”, “para de chilique”, “você tem medo do quê?” “chorando de novo ? “
O Tratamento
Como a síndrome do pânico não é psicológica, a crise não desaparece com terapias. O máximo que se pode alcançar com isso é adiar o sofrimento. A terapia comportamental é importante como auxiliar no tratamento medicamentoso. O pânico não desaparece espontaneamente; ao contrário, tende a agravar com o tempo.
Os pacientes são tratados com remédios que atuam diretamente no sistema nervoso central, equilibrando os neuro-transmissores (noradrenalina, adrenalina, serotonina e outros) e evitando as crises. O tratamento considerado específico conjuga o antidepressivo a outras medicações, conforme o caso; e assim mesmo, não existe um antidepressivo único para todos.
Os Remédios
O antidepressivo (tarja vermelha), ao contrário do tranquilizante (tarja preta), não causa nenhuma dependência mesmo quando combinado com este; ao contrário, afasta a dependência de qualquer tranquilizante. Os portadores do pânico têm um medo cruel da dependência dos remédios, principalmente daqueles que possuem tarjas pretas.
Se um profissional médico prescrever somente o tranquilizante (tarja preta) com o objetivo de cura e a pessoa tomar por mais de três meses, aí sim, poderá tornar-se dependente, pois os tranquilizantes são depressores do sistema nervoso central. Os tranquilizantes apenas aliviam, acalmam momentaneamente os sintomas. Passado o efeito do medicamento, os sintomas retornarão. A maioria das pessoas costuma generalizar os remédios psiquiátricos quanto a seus efeitos. Elas imaginam que todos são tranquilizantes, dopantes ou causadores da impotência sexual. Ou então que são nocivos à saúde. Puro engano. E o mal maior que a doença traz? O indivíduo tem medo do remédio causar impotência e acaba ficando impotente por causa da doença. O importante é lembrar que cada caso é um caso, portanto, vai depender e muito do feeling do médico na hora de lidar com o paciente.
Existem antidepressivos tricíclicos, tetracíclicos, IMAOS (inibidor da monoaminooxidase) e o mais recente, que é o ISRS (inibidor seletivo de receptação de serotonina), que tem uma variedade enorme. Mas só os médicos entendem como eles devem ser usados.
Um dos maiores problemas é que os remédios antidepressivos não são administrados de forma adequada aos pacientes. Essa não é só a minha opinião, mas também a de especialistas internacionais que estiveram em São Paulo durante o V Congresso Brasileiro de Clínica Médica, em novembro de 1999. Os remédios podem prejudicar, sim, quando mal receitados.
Diagnosticar a síndrome do pânico não é nenhum mistério, a questão principal é acertar nos remédios. Se você não teve sucesso com alguns remédios, não desanime,insista, procure o profissional da sua confiança. Ninguém morre do pânico e nem perde o autocontrole.
Num lar onde existe um portador da síndrome do pânico, deverá haver muito amor, carinho, muita compreensão e apoio moral.
Que a revista Nova Escola é uma boa referencia
para o professor, não resta dúvida, além de planos de aulas e matérias incríveis,
dicas valiosas para os professores, como as 10 dicas abaixo: